Choro de um chorinho bem chorado

Em 01 de junho de 1968, às 22:00 horas entra no ar, através da TV Record a final da I Bienal do Samba, os grandes acontecimentos continuavam se sucedendo. Aconteceu em 1966 com a grande disparada, entre inúmeras outras pérolas que por ali surgiram. Mas, as maravilhas não paravam por aí, ao contrário disso, vinha sempre surgindo coisa nova. E foi assim, que veio em 1968 a maravilha da qual eu quero muito falar.

“Quando soubera que seu samba havia sido classificado, Paulinho da Viola superou o pavor daquelas plateias inflamadas e decidiu vir a São Paulo. Assistiu à final timidamente, atrás de uma coluna da plateia, com uma boina que o protegia do frio e da remota possibilidade de ser reconhecido. Para sua surpresa, quando a música foi anunciada, um grupinho levantou uma faixa, “Coisas do Mundo, Minha Nega”, que, soube depois, era obra das irmãs de Chico Buarque, torcendo por sua música. Era apenas uma faixa no meio da plateia, mas sobravam brados vindos de todos os cantos para Jair, intérprete do samba do jovem compositor portelense: “Hoje eu vim minha nega / como eu venho quando posso / na boca as mesmas palavras / no peito o mesmo remorso…”
De fato Deus, nesse caso zelando pelo samba, escreve certo por linhas tortas, pois “Coisas do Mundo, Minha Nega” entrara no vácuo de outro belo samba, “Foi Ela”, mas se ficasse fora da final teria sido uma injustiça imperdoável. A letra é o relato de um personagem que chega à sua casa contando à mulher por onde passou, e foi inspirada num episódio que aconteceu no Morro do Salgueiro: um jovem teria sido assassinado pelo pai da namorada, contrário ao namoro, e Paulinho, ao passar pelo local do velório, viu alguns meninos brincando com o cadáver. Ficou tão chocado que nem dormiu nessa noite, recontando suas impressões em versos que fez depois: “Por fim eu achei um corpo, nega / iluminado ao redor / disseram que foi bobagem / um queria ser melhor…”. Mais tarde mostrou a três amigos, numa mesa do bar Cervantes, em Copacabana, a longa letra, ainda sem melodia. Concordaram que estava mesmo muito grande, mas um deles, Paulo Pontes, elogiou-a, dizendo que era muito boa. Animado, cortou vários trechos para chegar às três estrofes mais justas e quatro refrões diferentes, exceto pelo primeiro verso: “Hoje eu vim, minha nega”. Dotado de harmonia bem simples, sendo a melodia das estrofes desenvolvida a partir da penúltima frase do refrão, o samba ganhou o caráter de uma narrativa. A pureza da forma da composição valoriza cada um dos três dramas diferentes das estrofes, a contrastar com o sentimento de afeição e devaneio dos refrões. “É dos meus sambas, o que eu mais gosto”, confessaria depois o elegante Paulinho da Viola, já autor de uma obra fecunda, marcada por vários dos mais belos e duradouros sambas da música popular.” (excerto do livro: “A era dos festivais: uma parábola” por Zuca Homem de Mello – página 259)

Coisas do mundo, minha nega

Hoje eu vim minha nega
Como venho quando posso
Na boca as mesmas palavras
No peito o mesmo remorso
Nas mãos a mesma viola onde gravei o teu nome
Nas mãos a mesma viola onde gravei o teu nome

Venho do samba há tempo, nega
Vim parando por ai
Primeiro achei zé fuleiro que me falou de doença
Que a sorte nunca lhe chega
Está sem amor e sem dinheiro
Perguntou se não dispunha de algum que pudesse dar
Puxei então da viola
Cantei um samba pra ele
Foi um samba sincopado
Que zombou do seu azar

Hoje eu vim, minha nega
Andar contigo no espaço
Tentar fazer em teus braços um samba puro de amor
Sem melodia ou palavra pra não perder o valor
Sem melodia ou palavra pra não perder o valor

Depois encontrei seu bento, nega
Que bebeu a noite inteira
Estirou-se na calçada
Sem ter vontade qualquer
Esqueceu do compromisso que assumiu com a mulher
Não chegar de madrugada
E não beber mais cachaça
Ela fez até promessa
Pagou e se arrependeu
Cantei um samba pra ele que sorriu e adormeceu

Hoje eu vim, minha nega
Querendo aquele sorriso
Que tu entregas pro céu
Quando eu te aperto em meus braços
Guarda bem minha viola, meu amor e meu cansaço
Guarda bem minha viola, meu amor e meu cansaço

Por fim eu achei um corpo, nega
Iluminado ao redor
Disseram que foi bobagem
Um queria ser melhor
Não foi amor nem dinheiro a causa da discussão
Foi apenas um pandeiro
Que depois ficou no chão
Não tirei minha viola
Parei, olhei, vim me embora
Ninguém compreenderia um samba naquela hora

Hoje eu vim, minha nega
Sem saber nada da vida
Querendo aprender contigo a forma de se viver
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender

(autoria: Paulinho da Viola)

E porque então, o choro de um chorinho bem chorado?
Porque não importa, se é samba, choro, ou mesmo uma bela toada, o que importa, é que no momento mágico, o som seja, aquele que lhe apetece, enquanto mágico momento.
Portanto se o momento necessita da ensurdecedora orquestra do silêncio, então que assim seja, porque essa é a harmonia pelo momento desejado, e quem sabe até inspirado.
Portanto, ao momento festivo, todas as cores e todos os sons, aos momentos menos festivos, as cores e os sons que a ele agradem.
E a ti, que as cores e os momentos que se sucedam, lhe cubram com o necessário colorido a fim de que não deturpem o sonho do momento sonhado.

(ap. Ely Silmar Vidal – Teólogo, Psicanalista, Jornalista e presidente do CIEP – Clube de Imprensa Estado do Paraná)

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Mensagem 010919 – Choro de um chorinho bem chorado – (imagens da internet)

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Autor: Ely Vidal

Olá, eu sou Psicanalista, Jornalista, Teólogo e pai de 7 filhos maravilhosos! Presido o Instituto IESS (Instituto de Educação e Serviço Social) que, dentre outras atividades, provê atendimentos psicanalíticos, suporte jurídico por meio da arbitragem e mediação de conflitos. CIP (Psicanalista) sob nº 0001-12-PF-BR. DRT (Jornalista) sob n° 0009597/PR.

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