Faz cinquenta e seis anos. Era o ano de 1961 e curs\u00e1vamos o \u00faltimo ano da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), integrando a Turma do Sesquicenten\u00e1rio. Parece que foi ontem, mas j\u00e1 decorreu um bom tempo.<\/p>\n

Muito jovens ainda, totalmente, voltados para os estudos acad\u00eamicos e para a forma\u00e7\u00e3o militar, pela primeira vez ouvimos ou, pelo menos, botamos aten\u00e7\u00e3o no termo \u201ccrise pol\u00edtica\u201d. Foi em 24 de agosto, quando o exc\u00eantrico presidente J\u00e2nio Quadros, de forma surpreendente e sem motivo relevante aparente, renunciou ao seu cargo, mergulhando o pa\u00eds num clima de incertezas que s\u00f3 teria o seu culminar no dia 31 de Mar\u00e7o de 1964.<\/p>\n

N\u00e3o saberia dizer se foi aquela a causa maior do deflagrar do Movimento Revolucion\u00e1rio, mas que sua influ\u00eancia foi decisiva, disso n\u00e3o h\u00e1 a menor d\u00favida. Nossa forma\u00e7\u00e3o foi pouco influenciada pela situa\u00e7\u00e3o pol\u00edtica criada e por seus efeitos na vida da na\u00e7\u00e3o. Fomos praticamente blindados em rela\u00e7\u00e3o aos danos causados pelo tresloucado ato do presidente. De transtorno mesmo, apenas o adiamento da data da formatura que s\u00f3 pode ser concretizado no \u00faltimo dia do ano. Quase fomos formados em 1962.<\/p>\n

S\u00f3 mais tarde pude perceber o quanto foram importantes, na \u00e9poca, os chefes que estavam \u00e0 frente da Academia. Todos oficiais de elite da For\u00e7a e que nos anos seguintes, j\u00e1 no governo da Revolu\u00e7\u00e3o, ocupariam os mais relevantes postos. O comandante, general Adalberto Pereira dos Santos, viria a ser o vice-presidente no per\u00edodo Ernesto Geisel; o subcomandante, coronel Em\u00edlio Garrastazu M\u00e9dici, ainda no final daquela conturbada d\u00e9cada de sessenta ocuparia a presid\u00eancia do pa\u00eds; e o comandante do Corpo de Cadetes, coronel Ant\u00f4nio Jorge Corr\u00eaa que em 1974 seria o ministro chefe do Estado-Maior das For\u00e7as Armadas, precursor do Minist\u00e9rio da Defesa, n\u00e3o sem antes ser cogitado para a pr\u00f3pria presid\u00eancia do pa\u00eds. Que tima\u00e7o!!! Sorte a nossa.<\/p>\n

N\u00e3o chegamos a ter, portanto, os cadetes de 1961, participa\u00e7\u00e3o efetiva nas conspira\u00e7\u00f5es, planejamentos e preparativos do 31 de Mar\u00e7o. \u00c9ramos muito jovens, bisonhos segundo-tenentes, ainda preocupados e envolvidos unicamente com a complementa\u00e7\u00e3o do aprendizado castrense que s\u00f3 a vida na tropa nos proporciona.<\/p>\n

Mas sentimos, sim, logo ao nos apresentarmos nas nossas unidades, no in\u00edcio de janeiro de 1962, o tormentoso clima de instabilidade pol\u00edtica, social e econ\u00f4mica que reinava em todos os cantos do pa\u00eds. A amea\u00e7a comunista, sob as vistas e incentivo do pr\u00f3prio presidente da Rep\u00fablica avan\u00e7ava a passos largos.<\/p>\n

Quem foi, como n\u00f3s, designado para servir no Rio de Janeiro viveu intensamente aquele per\u00edodo executando opera\u00e7\u00f5es de manuten\u00e7\u00e3o da ordem p\u00fablica. Na pr\u00e1tica, o cora\u00e7\u00e3o pol\u00edtico do Brasil ainda pulsava aqui. Era aqui que tudo acontecia e ressoava. Viv\u00edamos em eterno regime de prontid\u00e3o nos quart\u00e9is e em a\u00e7\u00e3o nas ruas para impedir a anarquia promovida pelos agitadores vermelhos durante todo o per\u00edodo que antecedeu a Revolu\u00e7\u00e3o Democr\u00e1tica. Visitas \u00e0s nossas fam\u00edlias s\u00f3 esporadicamente e por tempo sempre muito curto.<\/p>\n

At\u00e9 que tudo explodiu e por exig\u00eancia e convoca\u00e7\u00e3o das for\u00e7as vivas do pa\u00eds \u2013 o povo, a m\u00eddia, a Igreja, a massa dos brasileiros enfim \u2013 as For\u00e7as Armadas intervieram. N\u00e3o por press\u00e3o dos Yankees, como passaram a afirmar os derrotados, os mal-intencionados, os desinformados e os saudosistas de uma ideologia fracassada em todos os cantos do planeta.<\/p>\n

As consequ\u00eancias do que ocorreu nos anos que sucederam o 31 de Mar\u00e7o s\u00e3o incontest\u00e1veis: resumidamente, um excepcional crescimento do pa\u00eds que do nada passou \u00e0 oitava economia do mundo e o banimento da amea\u00e7a comunista, fragorosamente derrotada. Fomos felizes por bom tempo. E sab\u00edamos. S\u00f3 n\u00e3o merec\u00edamos o que veio depois.<\/p>\n

\u00c9 pelos longos anos que j\u00e1 vivemos e por tudo o que testemunhamos e participamos, ontem e hoje, que n\u00e3o ouso afirmar se os fatos que provocaram 64 foram mais graves do que os que hoje atormentam nosso pa\u00eds. Realmente n\u00e3o sei. L\u00e1 havia, sobretudo, uma amea\u00e7a de cunho ideol\u00f3gico. Inimigos caracterizados. E quase todas as motiva\u00e7\u00f5es e a\u00e7\u00f5es que os moviam estavam direcionadas para a tomada do poder e para a implanta\u00e7\u00e3o de um regime marxista. Um atentado aos nossos princ\u00edpios e valores democr\u00e1ticos. Foi por eles que lutamos, foi por eles que a na\u00e7\u00e3o exigiu que as For\u00e7as Armadas deixassem os quart\u00e9is. Nada mais justific\u00e1vel. Caso de Seguran\u00e7a Nacional.<\/p>\n

E agora? Em meio \u00e0 desordem pol\u00edtica, econ\u00f4mica e social quem s\u00e3o nossos inimigos? Motiva\u00e7\u00f5es ideol\u00f3gicas de cunho marxista na pol\u00edtica nacional certamente ainda persistem, mas est\u00e3o muito, muito longe de ser a quest\u00e3o principal. E ela \u00e9 quase sempre um biombo para encobrir inten\u00e7\u00f5es bem menos nobres.<\/p>\n

O problema, amigos, \u00e9 a corrup\u00e7\u00e3o deslavada que disseminou-se por todos os setores da vida nacional promovida a partir do meio pol\u00edtico. Uma parcela absurda de dirigentes e pol\u00edticos do mais alto coturno est\u00e1 envolvida nos mais escabrosos casos de roubo do dinheiro p\u00fablico. A \u00fanica preocupa\u00e7\u00e3o deles, hoje, \u00e9 preservar o que puderem do produto do butim e livrarem-se da cadeia. S\u00e3o eles os inimigos.<\/p>\n

O Brasil \u00e9 hoje visto como o mais corrupto dos pa\u00edses. Vergonha! E \u00e9 por causa disso, acima de tudo, que chegamos pr\u00f3ximo do colapso. Em princ\u00edpio um caso de pol\u00edcia contra ladr\u00e3o, primeiro, e de aplica\u00e7\u00e3o de leis pela Justi\u00e7a do Pa\u00eds depois.<\/p>\n

Vejam bem, que n\u00e3o ousem obstruir a aplica\u00e7\u00e3o da Lei. Seria a decreta\u00e7\u00e3o do fim da Democracia, e a\u00ed, outra vez as for\u00e7as vivas de 64 poder\u00e3o se manifestar.<\/p>\n

(Gen Gilberto Rodrigues Pimentel – Presidente do Clube Militar – 17\/03\/17)<\/p>\n

(ap. Ely Silmar Vidal – Te\u00f3logo, Psicanalista, Jornalista e presidente do CIEP – Clube de Imprensa Estado do Paran\u00e1)<\/p>\n

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Mensagem 140218 – As For\u00e7as Vivas da Na\u00e7\u00e3o – (imagens da internet – fonte do texto: Clube Militar as-forcas-vivas-da-nacao)<\/p>\n

Que o Esp\u00edrito Santo do Senhor nos oriente a todos para que possamos iluminar um pouquinho mais o caminho de nossos irm\u00e3os, por isso contamos contigo.<\/p>\n

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