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{"id":3837,"date":"2016-08-07T23:37:40","date_gmt":"2016-08-08T02:37:40","guid":{"rendered":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/?p=3837"},"modified":"2016-08-07T23:37:40","modified_gmt":"2016-08-08T02:37:40","slug":"psicanalise-e-religiao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/psicanalise-e-religiao\/","title":{"rendered":"Psican\u00e1lise e religi\u00e3o"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a><\/p>\n

Rudolf Allers \u2014 ou o “Anti-Freud”, como o chamou Louis Jugnet \u2014 foi psic\u00f3logo eminente: disc\u00edpulo direto de Freud, trabalhou mais de 13 anos com Alfred Adler, e exerceu consider\u00e1vel influ\u00eancia em figuras tais como Victor Frankl, que foi seu aluno. Cat\u00f3lico, vienense, desde cedo manifestou oposi\u00e7\u00e3o \u00e0s id\u00e9ias de Sigmund Freud, que considerava anticient\u00edficas. Em 1940 publicou seu famoso trabalho “The Successful Error\u2014 A Critical Study of Freudian Psychanalysis”, de onde tiramos o cap\u00edtulo que se vai ler, e que constitui um pungente libelo contra os erros da psican\u00e1lise.<\/p>\n

O naturalismo e o materialismo s\u00e3o, necessariamente antag\u00f4nicos da religi\u00e3o. Uma atitude mental que introduz fatores imateriais e trans-mundanos, que sustenta uma no\u00e7\u00e3o como a de uma alma espiritual e que acredita na revela\u00e7\u00e3o, torna-se, para o esp\u00edrito materialista, inintelig\u00edvel, estranha e perigosa. Tal mentalidade \u00e9, verdadeiramente, o oposto do materialismo e, ao passo que as atitudes religiosas existem e permanecem eficazes na vida humana, o materialismo sente a sua posi\u00e7\u00e3o amea\u00e7ada. Os defensores de uma explica\u00e7\u00e3o “cient\u00edfica” da realidade v\u00eaem na religi\u00e3o, ou um inimigo, ou, pelo menos, um est\u00e1dio rudimentar da evolu\u00e7\u00e3o, que tem de acabar por triunfar para assegurar o “progresso” definitivo da ra\u00e7a humana.<\/p>\n

A psican\u00e1lise \u00e9 profundamente materialista e n\u00e3o pode mesmo professar outra filosofia. A sua base \u00e9 o materialismo. Se os sequazes de Freud abandonassem o seu credo materialista, ver-se-iam obrigados a deixar de ser psicanalistas. H\u00e1 alguns que est\u00e3o convencidos de que podem acreditar, ao mesmo tempo, na verdade da religi\u00e3o e na verdade da psican\u00e1lise, sem incorrerem em auto-contradi\u00e7\u00e3o. Esses homens imaginam isso, ou porque n\u00e3o conhecem suficientemente uma coisa e outra, ou porque o seu esp\u00edrito \u00e9 de tal natureza que se acomoda \u00e0s contradi\u00e7\u00f5es, ou ainda talvez porque n\u00e3o s\u00e3o bastante cr\u00edticos para se aperceberem de tais contradi\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Ningu\u00e9m que penetre no esp\u00edrito da psican\u00e1lise e, ao mesmo tempo, seja inteiramente conhecedor da ess\u00eancia da f\u00e9 sobrenatural, pode acreditar que estas duas coisas sejam compat\u00edveis. J\u00e1 varias vezes foi declarado, tanto por autores cat\u00f3licos como protestantes, que a psican\u00e1lise \u00e9, basicamente anti-crist\u00e3. N\u00e3o h\u00e1 maneira de se sair deste dilema: ou se acredita em Cristo ou na psican\u00e1lise. Os pr\u00f3prios sequazes de Freud n\u00e3o t\u00eam d\u00favidas a tal respeito. Para eles, a religi\u00e3o n\u00e3o significa mais do que uma manifesta\u00e7\u00e3o particular do esp\u00edrito humano, da mesma categoria que as pr\u00e1ticas da magia, do totemismo ou da bruxaria. Sempre os psicanalistas procuraram provar que a religi\u00e3o \u00e9 um produto de for\u00e7as instintivas e da rea\u00e7\u00e3o contra as mesmas.
\nFreud fala da religi\u00e3o como de uma “ilus\u00e3o”. Os ritos religiosos s\u00e3o assemelhados a pr\u00e1ticas devidas \u00e0 obsess\u00e3o, ou identificados com as mesmas pr\u00e1ticas. A religi\u00e3o \u00e9 uma neurose dos grupos. N\u00e3o vale a pena entrar em pormenores, porque todas as obras dos psicanalistas est\u00e3o cheias de observa\u00e7\u00f5es no mesmo sentido. N\u00e3o h\u00e1 d\u00favida alguma de que a sua convic\u00e7\u00e3o \u00e9 que a religi\u00e3o \u00e9 um fato puramente psicol\u00f3gico, que \u00e9 nociva e condicionada pelos mesmos fatores que condicionam a neurose nos indiv\u00edduos, e que, finalmente, para bem da humanidade, tem de ser abolida e substitu\u00edda pelo reino da ci\u00eancia. Era isso que Freud esperava; a “ilus\u00e3o” devanecer-se-ia perante a luz da raz\u00e3o; a ci\u00eancia substituiria a religi\u00e3o na cultura e na vida, e uma nova \u00e9poca de prosperidade reinaria, quando a ci\u00eancia reinasse como senhor supremo.<\/p>\n

Esta \u00e9 a mentalidade dum homem que nasceu pouco depois dos meados do s\u00e9culo passado, que se educou na era do materialismo, do “liberalismo” e das entusi\u00e1sticas esperan\u00e7as no futuro, e que foi incapaz de se libertar da escravatura daquelas impress\u00f5es que lhe haviam ficado da sua adolesc\u00eancia. Hoje verificamos que a ci\u00eancia faliu, n\u00e3o porque n\u00e3o seja uma das mais admir\u00e1veis realiza\u00e7\u00f5es do homem ou porque se mostrasse incapaz de promover o progresso, mas unicamente porque lhe atribu\u00edram a capacidade de realizar aquilo que, de fato, nunca poder\u00e1 levar a cabo. Mas a f\u00e9 otimista de Freud na ci\u00eancia permaneceu inquebrant\u00e1vel durante mais de oito d\u00e9cadas de sua vida. E n\u00f3s poderemos compreender a sua imut\u00e1vel atitude; mas o que n\u00e3o podemos compreender \u00e9 como pessoas de uma gera\u00e7\u00e3o posterior, que tinham obriga\u00e7\u00e3o de ver as coisas como elas s\u00e3o, podem ainda defender um credo como o cientificismo. Para pessoas desta mentalidade, a religi\u00e3o \u00e9 apenas um fato, como muitos outros, na hist\u00f3ria da cultura humana. E essas pessoas n\u00e3o est\u00e3o tamb\u00e9m preparadas para admitir qualquer diferen\u00e7a entre as religi\u00f5es. O \u00faltimo livro de Freud \u00e9 um exemplo frisante desta incapacidade de discernir certos pontos que s\u00e3o decisivos. Assim, ele n\u00e3o conhece absolutamente nada das enormes diferen\u00e7as entre o monote\u00edsmo judaico-crist\u00e3o e a id\u00e9ia pag\u00e3 de um deus supremo. A sua concep\u00e7\u00e3o sobre o monote\u00edsmo dos judeus, devida \u00e0 sua aceita\u00e7\u00e3o da religi\u00e3o de Athon, a divindade do sol do Egito, mostra que n\u00e3o conhece a ess\u00eancia do verdadeiro monote\u00edsmo, e tamb\u00e9m que n\u00e3o procura informar-se sobre coisas que ele mesmo era incapaz de conhecer devidamente (1).<\/p>\n

Basta um conhecimento superficial da psican\u00e1lise para que qualquer pessoa possa ver o enorme golfo que separa a mentalidade crist\u00e3 daquela que se encontra implicada na concep\u00e7\u00e3o freudiana acerca do homem. E \u00e9 verdadeiramente impressionante ler num artigo de O. Pfister que os ensinamentos de Jesus Cristo nos Evangelhos apresentam grandes analogias com a teoria da psican\u00e1lise. Mas mesmo este autor, que, segundo parece, \u00e9 protestante, reconhece que h\u00e1 tamb\u00e9m grandes dessemelhan\u00e7as. E n\u00f3s s\u00f3 temos a dizer que, de fato, as h\u00e1. Outros te\u00f3logos protestantes, como, por exemplo, o Dr. Runestam, da Universidade de Upsala, pensam diferentemente; para esses, a psican\u00e1lise \u00e9 profundamente contr\u00e1ria ao esp\u00edrito do Cristianismo.<\/p>\n

Uma filosofia que nega o livre arb\u00edtrio; que ignora a espiritualidade da alma; que, com um oco materialismo e sem qualquer tentativa de prova, identifica os fen\u00f4menos mentais e corporais; que n\u00e3o conhece outro fim sen\u00e3o o prazer; que se entrega a um confuso e obstinado subjetivismo e que se mostrou cega \u00e0 verdadeira natureza da pessoa humana \u2014 n\u00e3o pode ter qualquer ponto comum com o pensamento crist\u00e3o. \u00c9-lhe completamente oposta.<\/p>\n

O antagonismo existente entre a mentalidade do freudismo, de um lado, e o esp\u00edrito do Cristianismo de outro, \u00e9 claramente percebido por aqueles que acreditam que a religi\u00e3o no mundo moderno deve ser suplantada pela psicologia, que o analista deve ocupar o lugar do sacerdote e que o homem encontrar\u00e1 al\u00edvio para os seus sofrimentos morais e respostas \u00e0s suas dificuldades pessoais no consult\u00f3rio do psicanalista, em vez de encontrar esse mesmo al\u00edvio na confiss\u00e3o que faz a um padre cat\u00f3lico. Tal id\u00e9ia assenta sobre um errado conhecimento da religi\u00e3o e da psican\u00e1lise; ambas estas id\u00e9ias est\u00e3o deturpadas. N\u00e3o h\u00e1 qualquer similaridade entre a confiss\u00e3o e a an\u00e1lise. A confiss\u00e3o \u00e9 um sacramento. Os esp\u00edritos modernos n\u00e3o atentam sen\u00e3o aos fatores psicol\u00f3gicos que nela se encontram envolvidos, mas \u00e9 preciso notar-se que mesmo esses fatores n\u00e3o s\u00e3o compar\u00e1veis. O penitente diz, na confiss\u00e3o, as coisas que sabe, narra os fatos de que se julga culpado e, eventualmente, exp\u00f5e as dificuldades que o assaltam; tudo aquilo de que ele trata \u00e9 “material consciente”. O confessor nunca faz qualquer tentativa de explorar o inconsciente. A esperan\u00e7a e a boa vontade, um profundo conhecimento e, finalmente, a gra\u00e7a de Deus ir\u00e3o ajudar o penitente a dominar os seus h\u00e1bitos pecaminosos, a evitar as reca\u00eddas, a fugir \u00e0s tenta\u00e7\u00f5es e a progredir no caminho da perfei\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

N\u00e3o sucede assim com o analista e o seu paciente. Neste caso, aquilo de que o paciente tem conhecimento pouco interessa; o que importa \u00e9 o inconsciente. Nem um nem outro confiam na boa vontade, porque a vontade n\u00e3o passa de um epifen\u00f4meno, e o que \u00e9 real est\u00e1 escondido nas profundezas do inconsciente. N\u00e3o h\u00e1 qualquer sentimento de culpa pela infra\u00e7\u00e3o de uma ou outra lei moral objetiva, ou pela rejei\u00e7\u00e3o de um valor moral, mas apenas uma constela\u00e7\u00e3o de tend\u00eancias instintivas, o conflito entre o super-ego e o id, e assim por diante. o analista nunca poder\u00e1 ocupar o lugar do sacerdote. A miss\u00e3o deste tem de ser desempenhada por ele e mais ningu\u00e9m (2).<\/p>\n

N\u00e3o h\u00e1 necessidade de estarmos a p\u00f4r \u00e0 prova a paci\u00eancia do leitor, trazendo para aqui as id\u00e9ias que os psicanalistas t\u00eam defendido pelo que diz respeito \u00e0 religi\u00e3o. Todos ele t\u00eam falado muito sobre um assunto que apenas superficialmente conhecem e, al\u00e9m disso, confiam largamente nas suas concep\u00e7\u00f5es etnol\u00f3gicas que, como j\u00e1 vimos (3), est\u00e3o muito longe de ser dignas de cr\u00e9dito. As suas conclus\u00f5es relativamente a pr\u00e1ticas religiosas, aos ritos, \u00e0 psicologia da f\u00e9 e a outros assuntos semelhantes, muito dificilmente poder\u00e3o ser tomadas a s\u00e9rio. Muitas dessas id\u00e9ias s\u00e3o positivamente rid\u00edculas e mostram uma ignor\u00e2ncia crassa.<\/p>\n

Temos, por\u00e9m, de enfrentar uma quest\u00e3o. Por que \u00e9 que os psicanalistas t\u00eam um t\u00e3o not\u00e1vel interesse pela religi\u00e3o? H\u00e1 mais obras e artigos na literatura psicanal\u00edtica que tratam de problemas mais ou menos relacionados com a religi\u00e3o do que se pode imaginar. Parece que o esp\u00edrito anal\u00edtico est\u00e1 possu\u00eddo de uma curiosa obsess\u00e3o, e que se sente incapaz de se libertar dela. N\u00e3o h\u00e1 d\u00favida de que a religi\u00e3o tem desempenhado um importante papel na hist\u00f3ria, e continua a influenciar mais a atitude geral da humanidade do que a pr\u00f3pria ci\u00eancia. a ci\u00eancia, considerada como tal, dificilmente exercer qualquer influ\u00eancia; n\u00e3o \u00e9 a pr\u00f3pria ci\u00eancia, mas a cren\u00e7a popular nela, que tem contribu\u00eddo muito para formar a mentalidade de hoje. Ora, os psicanalistas n\u00e3o tratam de saber as raz\u00f5es por que o homem chega a acreditar na ci\u00eancia de forma t\u00e3o exagerada. Consideram como um postulado o homem ter de acreditar na ci\u00eancia, mas procuram mostrar que qualquer outra cren\u00e7a, especialmente no sobrenatural, tem de ser explicada por raz\u00f5es psicol\u00f3gicas. A sua atitude \u00e9 inegavelmente d\u00fabia, devido \u00e0 sua cren\u00e7a na ci\u00eancia. Esses homens est\u00e3o presos ao “cientificismo”. Acreditam fervorosamente na ci\u00eancia, como a panac\u00e9ia por meio da qual a humanidade se h\u00e1 de erguer a um n\u00edvel muito mais elevado.<\/p>\n

Esta atitude tem certas ra\u00edzes na hist\u00f3ria dos \u00faltimos sessenta ou cem anos. No pr\u00f3ximo cap\u00edtulo diremos algumas palavras sobre este fen\u00f4meno. Mas o fen\u00f4meno n\u00e3o explica a curiosa fascina\u00e7\u00e3o que a religi\u00e3o, e os problemas que lhe andam ligados, exercem aparentemente sobre o esp\u00edrito psicanal\u00edtico. Deve haver algum fator mais diretamente ligado com a psican\u00e1lise e com a situa\u00e7\u00e3o presente da civiliza\u00e7\u00e3o em geral. Fazer luz sobre este ponto \u00e9 coisa que se torna ainda mais desej\u00e1vel, porque podemos assim alimentar a esperan\u00e7a de penetrarmos mais na natureza da psicologia freudiana, ou antes na antropologia freudiana, e, conseq\u00fcentemente, definirmos mais claramente a pol\u00edtica que tem de ser observada por um cat\u00f3lico no que diz respeito \u00e0 psican\u00e1lise. Todo aquele que examine conscienciosamente a psican\u00e1lise e considere os fatos fornecidos por esta psicologia, no que diz respeito \u00e0 sua pr\u00f3pria natureza, s\u00f3 poder\u00e1 chegar a uma conclus\u00e3o. E tal conclus\u00e3o h\u00e1 de ser expressa em termos muito breves: a psican\u00e1lise \u00e9 uma heresia. Esta afirma\u00e7\u00e3o parecer\u00e1, talvez, surpreendente. Os crist\u00e3os podem ver-se tentados a rejeit\u00e1-la, porque n\u00e3o v\u00eaem nenhuma rela\u00e7\u00e3o, ou qualquer terreno comum, entre a psican\u00e1lise e a sua f\u00e9. Uma heresia \u2014 dir\u00e3o eles \u2014 \u00e9 uma forma deturpada da verdadeira f\u00e9, que resulta de se desrespeitar ou desvirtuar qualquer dos artigos fundamentais. Mas, seguramente, a psican\u00e1lise nada tem de comum com a f\u00e9 crist\u00e3. N\u00e3o altera um artigo fundamental, como faz o Arianismo em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 pessoa de Jesus Cristo, ou como faz o Protestantismo, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 natureza da Igreja, ou como faz ainda o Pelagianismo, no que se refere ao papel da gra\u00e7a na salva\u00e7\u00e3o do homem. O analista, por sua vez, n\u00e3o levar\u00e1 a s\u00e9rio aquela afirma\u00e7\u00e3o. Entende ele que nada tem de ver com o Cristianismo, que as suas atividades s\u00e3o cient\u00edficas e que a ci\u00eancia \u00e9 independente de toda a f\u00e9. Dir\u00e1 que estuda religi\u00e3o apenas como um fato entre tantos outros que a hist\u00f3ria da humanidade apresenta. E acabar\u00e1 por afirmar que n\u00e3o pensa em negar ou alterar qualquer dos artigos da f\u00e9, porque, para ele, tais fatos nada significam sen\u00e3o uma forma particular da ignor\u00e2ncia, uma supersti\u00e7\u00e3o ou uma ilus\u00e3o \u2014 e n\u00e3o se nega uma ilus\u00e3o ou uma alucina\u00e7\u00e3o, mas apenas se trata de estudar a sua origem e curar o paciente.<\/p>\n

N\u00e3o esperemos poder convencer o psicanalista, nem nunca ele se considerar\u00e1 um her\u00e9tico. Nenhum her\u00e9tico, atrav\u00e9s dos s\u00e9culos que conta o Cristianismo, se considerou alguma vez como tal. O her\u00e9tico, ou pretende estar dentro da Igreja, mesmo que defenda opini\u00f5es que divergem largamente dos seus ensinamentos, ou declara que \u00e9 ele o \u00fanico representante da verdade e da f\u00e9 inalterada, e que a Igreja abandonou o caminho do seu Fundador, caminho esse que ele procura descobrir de novo.<\/p>\n

Mas esperamos poder convencer os cat\u00f3licos e, sem d\u00favida, todos aqueles que acreditam em Cristo como Salvador e Redentor da humanidade. Muito desejar\u00edamos poder conseguir isso, n\u00e3o s\u00f3 porque a atitude dos crist\u00e3os, no que se refere \u00e0 psican\u00e1lise, ficaria melhor definida e fundamentar-se-ia melhor do que num vago sentimento de relut\u00e2ncia e de ofensa moral, mas tamb\u00e9m porque a psican\u00e1lise \u00e9 apenas um exemplo, ou ilustra\u00e7\u00e3o, embora bastante not\u00e1vel, de uma atitude mental que se desenvolveu a ponto de dominar a mentalidade geral no decorrer do \u00faltimo s\u00e9culo. Essa atitude tornou-se ent\u00e3o muito influente, embora as suas ra\u00edzes remontem ao passado da cultura ocidental. Um melhor entendimento daquilo que a psican\u00e1lise \u00e9, e um melhor conhecimento da natureza do esp\u00edrito que ela cria, habilitar-nos-\u00e3o a seguirmos com mais clareza os rastos desse mesmo esp\u00edrito em outras manifesta\u00e7\u00f5es do nosso mundo moderno.<\/p>\n

O car\u00e1ter her\u00e9tico da psican\u00e1lise tornar-se-\u00e1 claramente vis\u00edvel quando tivermos posto a descoberto as suas ra\u00edzes e inspecionado os seus antecedentes. Ser\u00e1 isso a nossa tarefa no pr\u00f3ximo cap\u00edtulo. Aqui, apenas nos referimos ao bem conhecido fato de que as heresias, atrav\u00e9s dos s\u00e9culos do Cristianismo, sempre sentiram a necessidade de afirmar, cada vez mais, os seus direitos. \u00c9 como se os hereges sentissem a consci\u00eancia culpada e, com o fim de a fazerem calar, se sentissem for\u00e7ados a apregoar as suas supostas raz\u00f5es difamando a Igreja, contra a qual se levantavam. […]<\/p>\n

Os cat\u00f3licos sabem tamb\u00e9m, n\u00e3o obstante se sentirem alarmados com a id\u00e9ia de n\u00e3o serem modernos, que tudo aquilo que realmente contradiz os ensinamentos da sua f\u00e9 n\u00e3o pode ser verdadeiro. Sabem, como coisa certa, que uma filosofia ou uma ci\u00eancia que desrespeita concep\u00e7\u00f5es fundamentais do Catolicismo h\u00e1-de acabar por desaparecer, por muito grande que seja o seu sucesso na hora presente. Sustento que a psican\u00e1lise \u00e9 um enorme e perigoso erro. E o meu interesse \u00e9 evitar que o maior n\u00famero de pessoas poss\u00edvel \u2014 e, em primeiro lugar, tantos crist\u00e3os quanto poss\u00edvel \u2014 caiam nas garras de tal erro.<\/p>\n

H\u00e1 uma concep\u00e7\u00e3o fundamental na religi\u00e3o crist\u00e3 que n\u00e3o \u00e9 apenas desprezada mas, simplesmente, negada pela psican\u00e1lise. \u00c9 a concep\u00e7\u00e3o do pecado. Em psican\u00e1lise n\u00e3o h\u00e1 pecado. A sua filosofia \u00e9 decididamente determinista e a no\u00e7\u00e3o do pecado pressup\u00f5e o livre arb\u00edtrio. Tamb\u00e9m n\u00e3o h\u00e1 lugar para a no\u00e7\u00e3o de pecado neste sistema, porque o comportamento humano, de acordo com os princ\u00edpios da antropologia freudiana, n\u00e3o depende das for\u00e7as conscientes, mas sim de for\u00e7as inconscientes. Isto \u00e9 apenas uma conseq\u00fc\u00eancia l\u00f3gica do fato de que a psican\u00e1lise interpreta a consci\u00eancia, n\u00e3o como o reconhecimento da conformidade ou n\u00e3o conformidade com as leis eternas da moral ou dos valores, mas como a express\u00e3o de um equil\u00edbrio restabelecido, ou perturbado, de for\u00e7as instintivas. A psican\u00e1lise v\u00ea necessariamente na consci\u00eancia um mero fen\u00f4meno psicol\u00f3gico. Tal concep\u00e7\u00e3o da natureza humana n\u00e3o poder\u00e1 exercer qualquer coisa que se assemelhe a responsabilidade.<\/p>\n

Desnecess\u00e1rio ser\u00e1 dizer que a psican\u00e1lise nada tem de ver com quaisquer no\u00e7\u00f5es que se refiram ao sobrenatural. Esta negativa completa do sobrenatural n\u00e3o \u00e9 pr\u00f3pria duma ci\u00eancia emp\u00edrica que, prudentemente, limita as suas investiga\u00e7\u00f5es aos campos acess\u00edveis \u00e0 raz\u00e3o humana. O verdadeiro cientista tem grande respeito pelos fatos, n\u00e3o se pronuncia sobre as coisas, unicamente porque as n\u00e3o pode alcan\u00e7ar pelos seus m\u00e9todos, e evita emitir ju\u00edzos sobre assuntos cuja compreens\u00e3o n\u00e3o est\u00e1 dentro dos poderes da fraca raz\u00e3o do homem. Mas o psicanalista vem dizer-nos que toda a cren\u00e7a no sobrenatural, seja na gra\u00e7a de Deus, como no pr\u00f3prio Deus, na efic\u00e1cia dos sacramentos ou na imortalidade da alma, s\u00e3o tudo id\u00e9ias que dimanam de fatores instintivos, que esta psicologia se orgulha de ter descoberto e privado assim da sua for\u00e7a impressiva. A psican\u00e1lise n\u00e3o v\u00ea diferen\u00e7a alguma entre a religi\u00e3o cat\u00f3lica, os seus usos, ritos e sacramentos por um lado, e os mais primitivos e fant\u00e1sticos costumes dos abor\u00edgines da Austr\u00e1lia ou da \u00c1frica central pelo outro. Dificilmente se encontrar\u00e1 um artigo de f\u00e9 que n\u00e3o tenha sido submetido \u00e0 an\u00e1lise, e que n\u00e3o tenha sido objeto de uma “explica\u00e7\u00e3o” psicanal\u00edtica. Estas chamadas explica\u00e7\u00f5es causariam abalo num esp\u00edrito cat\u00f3lico, se n\u00e3o fossem manifestamente baseadas numa absoluta incapacidade para compreender a doutrina que se pretende explicar.<\/p>\n

Nos par\u00e1grafos anteriores apenas nos referimos \u00e0s rela\u00e7\u00f5es da psican\u00e1lise com a f\u00e9 cat\u00f3lica sem nada termos dito a respeito da moral cat\u00f3lica. Vamos agora dizer alguma coisa sobre tal assunto.<\/p>\n

A psican\u00e1lise, considerada como tal, nada tem a dizer sobre moral. Quer-se uma ci\u00eancia, e as ci\u00eancias podem fazer afirma\u00e7\u00f5es apenas sobre o que \u00e9, nunca sobre aquilo que devia ser. Esta \u00e9 que \u00e9 a verdadeira ci\u00eancia. Mas n\u00e3o \u00e9 pr\u00f3prio de verdadeiros cientistas o uso que eles atualmente fazem da ci\u00eancia para propagar qualquer “reforma” da moral, ou para declararem que esta ou aquela atitude est\u00e1, ou deixa de estar, de acordo com a moral. Tais afirma\u00e7\u00f5es feitas em nome da ci\u00eancia s\u00e3o, sem d\u00favida, n\u00e3o a express\u00e3o de conclus\u00f5es que os fatos impusessem ao esp\u00edrito, mas a express\u00e3o de convic\u00e7\u00f5es que tem uma origem completamente diferente. A ci\u00eancia apenas nos pode dizer os meios de que nos podemos servir para atingir algum fim, mas nada conhece acerca desses fins. A medicina n\u00e3o decreta que a sa\u00fade tem de ser conservada; apenas nos ensina como devemos proceder para a conservar. A express\u00e3o, tantas vezes ouvida, de “educa\u00e7\u00e3o cient\u00edfica”, ou significa que devemos aprender na ci\u00eancia a melhor forma para realizarmos os nossos fins, ou n\u00e3o significa coisa alguma.<\/p>\n

Todo aquele que acreditar que a ci\u00eancia \u00e9 capaz de fazer qualquer afirma\u00e7\u00e3o sobre a raz\u00e3o por que as pessoas t\u00eam de ser educadas n\u00e3o conhece coisa alguma sobre a verdadeira natureza da educa\u00e7\u00e3o. E o mesmo sucede com a moral: “\u00e9tica cient\u00edfica” \u00e9 uma express\u00e3o sem sentido algum.<\/p>\n

Mas mesmo o cientista \u00e9 um ser humano e, como tal, n\u00e3o pode deixar de ter as suas convic\u00e7\u00f5es, os seus ideais e os seus desejos. \u00c9 apenas natural, embora n\u00e3o seja justo, que ele procure, ainda que “inconscientemente”, apresentar as suas id\u00e9ias e ideais pessoais como se derivassem das ci\u00eancias. As ci\u00eancias que t\u00eam por objeto o homem n\u00e3o s\u00e3o as que est\u00e3o especialmente arriscadas a estenderem-se para um campo onde n\u00e3o t\u00eam compet\u00eancia. Pelo fato de que a sa\u00fade \u00e9 um bem naturalmente desejado pelo homem, a medicina facilmente chega a acreditar que os seus ensinamentos sobre medidas higi\u00eanicas s\u00e3o da mesma natureza dos preceitos morais. Pelo fato de que a psicologia conhece que um esp\u00edrito funcionando normalmente \u00e9 um valor desejado, o psic\u00f3logo julga-se autorizado a enunciar regras sobre educa\u00e7\u00e3o. A psicologia m\u00e9dica est\u00e1 ainda mais propensa a cometer este erro do que qualquer outra esp\u00e9cie de psicologia. O m\u00e9dico psic\u00f3logo observou muit\u00edssimas vezes as desastrosas conseq\u00fc\u00eancias que uma educa\u00e7\u00e3o errada pode ter no desenvolvimento do car\u00e1ter e da personalidade. Portanto, vem simplesmente declarar que este ou aquele m\u00e9todo de educa\u00e7\u00e3o “tem” de ser adotado. assim, mais necess\u00e1rio se torna examinar cuidadosamente o esp\u00edrito de uma psicologia que se julga com o direito de impor \u00e0 educa\u00e7\u00e3o os seus m\u00e9todos e alvos.<\/p>\n

Educa\u00e7\u00e3o \u00e9 mais do que instru\u00e7\u00e3o; \u00e9, primariamente, a constru\u00e7\u00e3o de uma personalidade moral. A \u00e9tica e a educa\u00e7\u00e3o est\u00e3o, portanto, intimamente correlacionadas. E a educa\u00e7\u00e3o n\u00e3o termina depois de se ter freq\u00fcentado uma escola superior ou um col\u00e9gio: praticamente, a educa\u00e7\u00e3o nunca termina. Somos educados pelos fatos, pelas influ\u00eancias do meio ambiente e pelas id\u00e9ias, de forma que temos de nos educar a n\u00f3s mesmos.<\/p>\n

Uma psicologia nascida dum esp\u00edrito decididamente anti-crist\u00e3o n\u00e3o pode ser sen\u00e3o excessivamente perigosa. Mesmo que o psicanalista se esforce por evitar qualquer ofensa \u00e0s id\u00e9ias e sentimentos religiosos ou morais do paciente, n\u00e3o o poder\u00e1 conseguir. O seu m\u00e9todo, as suas interpreta\u00e7\u00f5es, e toda a sua mentalidade s\u00e3o de uma natureza manifestamente hostil ao esp\u00edrito crist\u00e3o. Essa mentalidade d\u00e1-se a conhecer a todo o momento, e encontra-se impl\u00edcita em cada uma das mais triviais observa\u00e7\u00f5es. Ainda que o analista esteja resolvido a abster-se de toda a influ\u00eancia sobre a f\u00e9 ou moral do paciente, a sua resolu\u00e7\u00e3o ser\u00e1 ineficaz, e ele n\u00e3o poder\u00e1 deixar de transmitir a esse paciente o cont\u00e1gio de um esp\u00edrito anti-crist\u00e3o.<\/p>\n

H\u00e1 alguma coisa profundamente errada neste esp\u00edrito, e o que est\u00e1 errado melhor se aperceber\u00e1, se considerarmos as id\u00e9ias que a psican\u00e1lise professa a respeito do homem normal. A teoria de Freud era, e ainda o \u00e9 em grande extens\u00e3o, um processo para a cura de doentes nervosos. Todo o tratamento tem de ter como ponto de refer\u00eancia alguma id\u00e9ia de normalidade, porque a obten\u00e7\u00e3o dessa normalidade \u00e9 o sinal caracter\u00edstico de que o tratamento foi bem sucedido. Freud disse, mais do que uma vez, que um homem \u00e9 normal quando est\u00e1 apto a trabalhar e a gozar a vida. N\u00e3o h\u00e1 nada mais na concep\u00e7\u00e3o psicanal\u00edtica sobre a natureza normal do homem. Gozar implica, sem d\u00favida, a adapta\u00e7\u00e3o \u00e0 realidade, desde que, n\u00e3o sendo assim, o desprazer seria maior do que o prazer.<\/p>\n

Esta concep\u00e7\u00e3o foi estabelecida de novo, por exemplo, por Hendriks, que declara que a culmina\u00e7\u00e3o do desenvolvido ego consiste em o indiv\u00edduo se tornar capaz de manter a sua exist\u00eancia, e assegurar uma satisfa\u00e7\u00e3o adequada dos instintos libidinais e agressivos, num ambiente socializado de adultos. Estas defini\u00e7\u00f5es s\u00e3o, como se est\u00e1 a ver, muito incompletas; os fatores morais s\u00e3o absolutamente ignorados ou, antes, est\u00e3o inclu\u00eddos na no\u00e7\u00e3o de ajustamento ao meio social. \u00c9 um erro largamente divulgado o acreditar-se que a moral est\u00e1 limitada \u00e0s rela\u00e7\u00f5es com os nossos vizinhos: desprezam os deveres para com a pr\u00f3pria pessoa, como desprezam os deveres para com Deus.<\/p>\n

Daqui se segue que a psican\u00e1lise se mostra incapaz de avaliar devidamente certos fen\u00f4menos, como o sentimento de culpa ou a consci\u00eancia. A consci\u00eancia tem origem \u2014 observa um autor \u2014 numa identifica\u00e7\u00e3o hostil. V\u00ea-se que este autor n\u00e3o teve, no seu esp\u00edrito, a mais r\u00e1pida vis\u00e3o do fen\u00f4meno a que se refere. Outro diz-nos que o desejo de confessar o pecado cometido \u2014 n\u00e3o precisa de ser no confession\u00e1rio, porque este desejo pertence \u00e0 natureza humana \u2014 resulta de um impulso de revela\u00e7\u00e3o, que est\u00e1 relacionado com o “instinto parcial” do exibicionismo. E h\u00e1 ainda um terceiro autor que nos vem dizer que a necessidade da confiss\u00e3o est\u00e1 relacionada com o erotismo oral. N\u00e3o ser\u00e1 preciso multiplicar os exemplos. Os tr\u00eas j\u00e1 mencionados revelam uma ignor\u00e2ncia de tudo quanto se refere a religi\u00e3o e a psicologia geral.<\/p>\n

A concep\u00e7\u00e3o naturalista da natureza humana vem colorir todas as afirma\u00e7\u00f5es feitas sobre moral. Os verdadeiros mandamentos, as leis eternas, s\u00e3o coisas que n\u00e3o existem, de acordo com este ponto de vista. E tal mentalidade n\u00e3o pode sen\u00e3o ter uma influ\u00eancia altamente destrutiva sobre qualquer pessoa que esteja possu\u00edda de convic\u00e7\u00f5es diferentes. \u00c9 poss\u00edvel que o tratamento psicanal\u00edtico de uma pessoa nessas condi\u00e7\u00f5es venha a ser mal sucedido, se as convic\u00e7\u00f5es s\u00e3o suficientemente fortes, e se a diferen\u00e7a entre elas e as do analista se nota com clareza, ou poder\u00e1 ainda suceder que esse tratamento tenha como resultado um gradual desmoronamento de tais convic\u00e7\u00f5es, devido \u00e0 press\u00e3o cont\u00ednua do esp\u00edrito hostil do psicanalista.<\/p>\n

O perigo de a moral n\u00e3o naturalista ser destru\u00edda pela an\u00e1lise, mesmo que o psicanalista n\u00e3o tenha inten\u00e7\u00e3o de o fazer, \u00e9 sempre muito grande, porque a moralidade \u2014 ou amoralidade \u2014 do freudismo pode tornar-se uma forte tenta\u00e7\u00e3o. O psicoterapeuta logo \u00e9 encarado pelo paciente como pessoa de autoridade; chamem a isso transfer\u00eancia, se assim o quiserem, porque o nome pouco importa. Uma concep\u00e7\u00e3o da vida que apela para o lado instintivo do homem exerce sempre uma sedu\u00e7\u00e3o natural e, quando tal sedu\u00e7\u00e3o \u00e9 fortalecida pela autoridade, poder\u00e1 tornar-se irresist\u00edvel.<\/p>\n

N\u00e3o se pode dizer com verdade que os psicanalistas preconizem um relaxamento de costumes, mas \u00e9 certo que eles concebem a moral por uma forma que \u00e9 exatamente o oposto daquilo que um cat\u00f3lico sabe que a lei moral implica. Isto refere-se em primeiro lugar \u00e0 sexualidade, mas o mesmo sucede com qualquer outro aspecto do comportamento. E temos de chegar \u00e0 conclus\u00e3o de que o cat\u00f3lico se deve abster de qualquer \u00edntimo contato com as id\u00e9ias freudianas. Se ele tiver dessas id\u00e9ias inteiro conhecimento, ser\u00e1 o primeiro a evitar tal contato; no caso contr\u00e1rio, \u00e9 necess\u00e1rio p\u00f4-lo de sobreaviso.<\/p>\n

Alguns advers\u00e1rios da psican\u00e1lise t\u00eam procurado acentuar a “imoralidade” da teoria e da sua atitude pr\u00e1tica, no que diz respeito a certos problemas morais. o analista, dizem eles, \u00e9 obrigado a defender pontos de vista incompat\u00edveis com a moralidade crist\u00e3 e, portanto, n\u00e3o pode deixar de ter uma influ\u00eancia destrutiva sobre o comportamento moral dos indiv\u00edduos e sobre as id\u00e9ias morais do p\u00fablico. Este ponto precisa de uma elucida\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A concep\u00e7\u00e3o que Freud e a sua escola formaram da natureza humana \u00e9, sem d\u00favida, muito diferente da concep\u00e7\u00e3o formada pela moral crist\u00e3 e, principalmente, pela moral cat\u00f3lica. O “princ\u00edpio do prazer”, mesmo depois da sua transforma\u00e7\u00e3o em “princ\u00edpio de realidade” n\u00e3o \u00e9 a esp\u00e9cie de for\u00e7a motriz que a moral crist\u00e3 sup\u00f5e estar no fundamento do comportamento moral. A id\u00e9ia de que a natureza humana est\u00e1 em ordem e “normal”, desde que o indiv\u00edduo esteja apto para trabalhar e para gozar, n\u00e3o \u00e9 id\u00e9ia que possa ser aceitada pela \u00e9tica cat\u00f3lica. Estes aspectos da psican\u00e1lise s\u00e3o mais importantes, para responder \u00e0 quest\u00e3o, do que a insist\u00eancia de Freud sobre a sexualidade. Por muito errada que seja a no\u00e7\u00e3o de uma libido estendendo-se a tudo, n\u00e3o precisa de ser imoral.<\/p>\n

O fato de que a psican\u00e1lise seja um sistema puramente naturalista e incapaz de avaliar a religi\u00e3o e o comportamento religioso em seu verdadeiro valor, \u00e9, sem d\u00favida, um s\u00e9rio inconveniente. Alguns analistas sustentam que n\u00e3o h\u00e1 necessidade de p\u00f4r em perigo as cren\u00e7as religiosas de um indiv\u00edduo, desde que tais cren\u00e7as n\u00e3o sejam o resultado de fatores patol\u00f3gicos ou um obst\u00e1culo para a recupera\u00e7\u00e3o da sa\u00fade mental. No entanto, ser\u00e1 dif\u00edcil ver como o analista, por muito que queira, evitar\u00e1 p\u00f4r em risco a atitude religiosa. Qualquer paciente, mesmo de intelig\u00eancia m\u00e9dia, n\u00e3o pode deixar de compreender que o esp\u00edrito geral daquela teoria com a qual se relacionou durante o tratamento \u00e9 completamente hostil \u00e0s suas cren\u00e7as religiosas. E pouco importa o fato de o paciente refletir ou deixar de refletir nisso.<\/p>\n

O antagonismo entre a psican\u00e1lise e a moral cat\u00f3lica, na medida em que tal antagonismo est\u00e1 implicado no sistema da filosofia e da psicologia de Freud, \u00e9 uma coisa; o consciente eventual e a influ\u00eancia direta, aconselhando o paciente a agir contra os princ\u00edpios da moral cat\u00f3lica, \u00e9 outra. Se se soubesse que muitos ou alguns psicanalistas aconselhavam os seus pacientes de forma que lhe sugerissem um comportamento contr\u00e1rio \u00e0 moral, o perigo deste sistema tornar-se-ia, sem d\u00favida, muit\u00edssimo grande.<\/p>\n

Algumas das id\u00e9ias sustentadas pelos psicanalistas s\u00e3o contr\u00e1rias \u00e0s concep\u00e7\u00f5es cat\u00f3licas, sem que sejam, no entanto, exclusivamente caracter\u00edsticas do freudismo. Desnecess\u00e1rio ser\u00e1 dizer que um analista, encontrando uma pessoa a bra\u00e7os com dificuldades dom\u00e9sticas, sem qualquer esperan\u00e7a e incapaz de continuar a vida com o marido ou com a esposa, acabar\u00e1 por lhe aconselhar a separa\u00e7\u00e3o. Tal conselho poder\u00e1 n\u00e3o ser mau, mas implica, na mente do analista, a id\u00e9ia de que, depois da separa\u00e7\u00e3o, essa pessoa poder\u00e1 voltar a casar-se com algu\u00e9m que lhe d\u00ea melhor vida. Esse conselho podia ter sido dado por qualquer m\u00e9dico n\u00e3o cat\u00f3lico; as convic\u00e7\u00f5es que o originaram n\u00e3o s\u00e3o especificamente freudianas, pois pertencem a um conjunto de id\u00e9ias comuns a todas aquelas pessoas que julgam possuir “um esp\u00edrito liberal”. O mesmo se pode dizer da sugest\u00e3o para se procurar a satisfa\u00e7\u00e3o sexual pr\u00e9-matrimonial. Seria diferente, se se sugerisse a uma pessoa casada que, por qualquer motivo, procurasse rela\u00e7\u00f5es sexuais extra-matrimoniais.<\/p>\n

\u00c9 muito dif\u00edcil saber qual \u00e9 a atitude normal dos analistas no que se refere a tais problemas, bem como \u00e9 tamb\u00e9m muito dif\u00edcil ter a certeza de que certos relatos publicados s\u00e3o inteiramente dignos de cr\u00e9dito. O tratamento psicanal\u00edtico pode, em alguns casos, principalmente se n\u00e3o foi bem sucedido, deixar um ressentimento definido no \u00e2nimo do paciente, e esse estado mental poder\u00e1 muito bem deturpar, mesmo sem qualquer inten\u00e7\u00e3o consciente de cal\u00fania ou de prevarica\u00e7\u00e3o, a mem\u00f3ria de coisas mencionadas durante as horas de an\u00e1lise. \u00c9 corrente, em alguns tipos da personalidade neur\u00f3tica, um certo desrespeito pela verdade objetiva; por isso, os relatos que nos s\u00e3o fornecidos por doentes nervosos t\u00eam de ser olhados com muita precau\u00e7\u00e3o. Alguns psicanalistas podem ter professado uma atitude demasiadamente “liberal”, no que diz respeito a certas leis morais, mas h\u00e1 ainda raz\u00e3o para perguntar se tal atitude resulta do fato de serem sequazes de Freud, ou se resulta da sua mentalidade geral. N\u00e3o nos devemos esquecer de que muitas id\u00e9ias, definidamente anti-cat\u00f3licas, no que se refere a moral, t\u00eam partido de pessoas que n\u00e3o eram psicanalistas. As opini\u00f5es defendidas pelos bolchevistas sobre o casamento, sobre rela\u00e7\u00f5es sexuais etc., pelo menos na primeira fase do seu dom\u00ednio, n\u00e3o dependem de qualquer influ\u00eancia exercida pelos psicanalistas. N\u00e3o h\u00e1 d\u00favida de que os pontos de vista de Freud contribu\u00edram para propagar as discuss\u00f5es sobre assuntos sexuais. A insist\u00eancia com que ele se referiu \u00e0 sexualidade, e as suas provas, aparentemente cient\u00edficas, da import\u00e2ncia fundamental dos fatores sexuais na natureza humana, fortaleceram a posi\u00e7\u00e3o daqueles que dirigiam os seus ataques contra a moral crist\u00e3. Mas n\u00e3o se pode dizer que o pr\u00f3prio Freud pregasse diretamente uma moral anti-cat\u00f3lica. No entanto, pregou-a implicitamente.<\/p>\n

Tanto quanto os relat\u00f3rios podem ser acreditados, fica-se, sem d\u00favida, com a impress\u00e3o de que alguns psicanalistas n\u00e3o sentem qualquer relut\u00e2ncia em aconselhar atos decididamente imorais, especialmente \u2014 e at\u00e9 exclusivamente \u2014 no que se refere ao comportamento sexual. Num congresso de psiquiatras franceses realizado h\u00e1 anos, o Dr. Genil-Perrin referiu-se a numerosos casos em que ele e outros intervieram, e em que era freq\u00fcente darem-se conselhos de tal natureza. Mas \u00e9 imposs\u00edvel lan\u00e7ar m\u00e3o de cifras dignas de cr\u00e9dito. N\u00e3o podemos saber quantos psicanalistas teriam, eventualmente, procedido dessa forma, nem tampouco podemos saber quantas vezes eles se viram obrigados a faz\u00ea-lo. A \u00fanica coisa de que podemos estar certos \u00e9 que o sistema da psican\u00e1lise n\u00e3o cont\u00e9m fator algum que iniba o analista de se servir de tal expediente. E sabemos tamb\u00e9m que existe um grande n\u00famero de relat\u00f3rios que mencionam essa atitude por parte de alguns psicanalistas, mas sendo de presumir que nem todos eles s\u00e3o falsos ou exagerados. No entanto, a justi\u00e7a pede que limitemos o nosso ju\u00edzo a fatos que podem ser provados, e a \u00fanica coisa que se pode provar \u00e9 o antagonismo essencial que existe entre o esp\u00edrito geral do freudismo e a mentalidade cat\u00f3lica. Isto, contudo, seria suficiente para obrigar os cat\u00f3licos a evitarem, tanto quanto pudessem, o contato com a psicologia psicanal\u00edtica, e a evitarem qualquer situa\u00e7\u00e3o que pudesse dar ao analista, mesmo contra a vontade da pessoa, ocasi\u00e3o de influir sobre as suas id\u00e9ias.<\/p>\n

A enumera\u00e7\u00e3o das proposi\u00e7\u00f5es da escola de Freud que brigam incontestavelmente com a f\u00e9 crist\u00e3 podia ainda continuar por algum tempo. Julgamos, por\u00e9m, que dissemos j\u00e1 o bastante. Nenhum cat\u00f3lico poder\u00e1 professar tais id\u00e9ias \u2014 a id\u00e9ia da religi\u00e3o como uma neurose obrigat\u00f3ria, a id\u00e9ia de Deus como sendo a imagem do pai, e a id\u00e9ia da comunh\u00e3o remontar \u00e0 refei\u00e7\u00e3o totem\u00edstica etc. \u2014 id\u00e9ias essas que n\u00e3o podem ser consideradas sen\u00e3o como falsas, para n\u00e3o dizermos sacr\u00edlegas. Mas h\u00e1 sempre uma obje\u00e7\u00e3o. N\u00e3o ser\u00e1 poss\u00edvel separar o m\u00e9todo da sua inaceit\u00e1vel filosofia? N\u00e3o poderemos n\u00f3s, embora sejamos crist\u00e3os, usar o instrumento fornecido pela psican\u00e1lise? N\u00e3o poderemos p\u00f4r de parte a concep\u00e7\u00e3o naturalista, as id\u00e9ias descabidas sobre religi\u00e3o, a nega\u00e7\u00e3o da liberdade, o papel exagerado atribu\u00eddo aos instintos, e “batizar”, digamos assim, a psican\u00e1lise, mais ou menos como se diz que Santo Agostinho “cristianizou” o Neo-Platonismo e S. Tom\u00e1s “batizou” Arist\u00f3teles? Estes fil\u00f3sofos pag\u00e3os tamb\u00e9m ensinaram coisas que a filosofia crist\u00e3 nunca p\u00f4de aceitar, mas ensinaram outras coisas que eram verdadeiras, ou que, pelo menos, com alguma modifica\u00e7\u00e3o, podiam ser verdadeiras. Se a filosofia crist\u00e3 tivesse procedido com a filosofia pag\u00e3 como se deseja que o cat\u00f3lico proceda para com a psican\u00e1lise, isso representaria uma enorme perda para a humanidade, e teria talvez obstado o desenvolvimento da verdadeira filosofia crist\u00e3. Que raz\u00e3o h\u00e1, portanto, para tal radicalismo perante a psican\u00e1lise, radicalismo esse de que a Igreja nunca se sentiu possu\u00edda no passado?<\/p>\n

A resposta \u00e9, simplesmente, que tal analogia n\u00e3o pode existir. Tentamos mostrar, no cap\u00edtulo oitavo, que se n\u00e3o pode separar a filosofia do m\u00e9todo, e que aquele que adota o segundo tem, necessariamente, de perfilhar a primeira. Mas h\u00e1 outra raz\u00e3o para a intransig\u00eancia que aqui consignamos. A psican\u00e1lise n\u00e3o est\u00e1 para o cat\u00f3lico na mesma rela\u00e7\u00e3o em que a filosofia pag\u00e3 estava, nos primeiros s\u00e9culos da cristandade, para com a filosofia cat\u00f3lica. A psican\u00e1lise \u00e9 mais semelhante ao Manique\u00edsmo, ou a qualquer outra das grandes heresias, do que \u00e0 filosofia de Plotino ou de Arist\u00f3teles. E a Igreja nunca transigiu, por pouco que fosse, com qualquer heresia.<\/p>\n

O esp\u00edrito da psican\u00e1lise pode-se chamar, e com muita raz\u00e3o, esp\u00edrito pag\u00e3o, mas n\u00e3o \u00e9 o paganismo dos tempos pr\u00e9-crist\u00e3os; \u00e9 o paganismo que surgiu quando a Cristandade j\u00e1 existia h\u00e1 s\u00e9culos. E \u00e9 um esp\u00edrito completamente diferente. O paganismo dos velhos tempos morreu, pelo menos nos pa\u00edses de civiliza\u00e7\u00e3o ocidental, e n\u00e3o h\u00e1 possibilidade de o fazer reviver. Tal esp\u00edrito n\u00e3o pode tornar a aparecer, porque as altera\u00e7\u00f5es que o pensamento humano sofreu, debaixo da influ\u00eancia de dois mil anos de Cristianismo, n\u00e3o podem voltar atr\u00e1s. O neo-paganismo n\u00e3o \u00e9 um regresso aos tempos de Plat\u00e3o ou de S\u00eaneca: \u00e9, simplesmente, uma revolta.<\/p>\n

Para compreender a natureza desse esp\u00edrito, \u00e9 necess\u00e1rio examinar a origem da psican\u00e1lise e as for\u00e7as que contribu\u00edram para o seu aparecimento. E teremos tamb\u00e9m de investigar as condi\u00e7\u00f5es que tornaram poss\u00edvel o surpreendente sucesso das concep\u00e7\u00f5es freudianas. Desta maneira chegaremos \u2014 ao menos \u00e9 essa a nossa esperan\u00e7a \u2014 a um melhor conhecimento da verdadeira natureza desta teoria.<\/p>\n

1. Freud adota, pelo que diz respeito \u00e0 hist\u00f3ria da religi\u00e3o, o mesmo m\u00e9todo que segue pelo que se refere \u00e0 etnologia. Limita-se a escolher, numa abundante literatura, apenas algumas palavras que se adaptam \u00e0s suas id\u00e9ias preconcebidas. Assim, presta grande cr\u00e9dito a um livro, no qual se aventa a hip\u00f3tese de que Mois\u00e9s foi assassinado pelos judeus. Este trabalho foi rejeitado pelas autoridades no assunto, mas isso n\u00e3o impede que Freud se apoie sobre ele para os seus racioc\u00ednios. A sua teoria, de acordo com a sua maneira de pensar, n\u00e3o precisa de provas, pois \u00e9 j\u00e1 de per si uma prova de todas as asser\u00e7\u00f5es nela contidas. Ora, isto n\u00e3o \u00e9 maneira de proceder para um homem de ci\u00eancia. Seria necess\u00e1rio que os psicanalistas prestassem aten\u00e7\u00e3o ao fato de as refer\u00eancias, ou testemunhos de Freud, serem t\u00e3o infelizes. Sempre que escolhe um autor, trata-se de um indiv\u00edduo que n\u00e3o merece a considera\u00e7\u00e3o das autoridades do assunto em quest\u00e3o.
\n2. Para melhor elucida\u00e7\u00e3o sobre essas quest\u00f5es, veja-se o meu artigo “Confessor e Alienista”, Revista Eclesi\u00e1stica, 1938, 99, 401.
\n3. Allers refere-se ao cap\u00edtulo 9 do livro em quest\u00e3o, chamado “A Psican\u00e1lise e a etnologia”. [Nota da Editora]<\/p>\n

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Rudolf Allers \u2014 ou o “Anti-Freud”, como o chamou Louis Jugnet \u2014 foi psic\u00f3logo eminente: disc\u00edpulo direto de Freud, trabalhou mais de 13 anos com Alfred Adler, e exerceu consider\u00e1vel influ\u00eancia em figuras tais como Victor Frankl, que foi seu aluno. Cat\u00f3lico, vienense, desde cedo manifestou oposi\u00e7\u00e3o \u00e0s id\u00e9ias de Sigmund Freud, que considerava anticient\u00edficas. … Continue lendo “Psican\u00e1lise e religi\u00e3o”<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_publicize_feature_enabled":true,"jetpack_social_post_already_shared":true,"jetpack_social_options":{"image_generator_settings":{"template":"highway","enabled":false}}},"categories":[3],"tags":[],"jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p6pIac-ZT","jetpack-related-posts":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3837"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=3837"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3837\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3839,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3837\/revisions\/3839"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=3837"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=3837"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=3837"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}