Seu dout\u00f4, venho dos br\u00eado, S\u00f3 pra mode arrespond\u00ea Toda aquela fardun\u00e7age Que mec\u00ea foi escrev\u00ea! N\u00e3o teje mec\u00ea jurgando Que eu sou algum canguss\u00fa! Seu dout\u00f4, venho dos br\u00eado, S\u00f3 pra mode arrespond\u00ea Toda aquela fardun\u00e7age Que mec\u00ea foi escrev\u00ea! N\u00e3o teje mec\u00ea jurgando Que eu sou algum canguss\u00fa! N\u00e3o sou n\u00e3o, Seu Consei\u00earo. Sou norte, sou viol\u00earo E vivo naquelas mata, Como vive um sanha\u00e7u! Vosmec\u00ea j\u00e1 me conhece: Eu sou o Jeca Tatu! Com toda essa m\u00e1 … Continue lendo “A resposta do Jeca-Tatu – Catulo da Paix\u00e3o Cearense”<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_publicize_feature_enabled":true,"jetpack_social_post_already_shared":true,"jetpack_social_options":{"image_generator_settings":{"template":"highway","enabled":false}}},"categories":[3],"tags":[],"jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p6pIac-Rl","jetpack-related-posts":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3307"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=3307"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3307\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=3307"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=3307"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.elyvidal.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=3307"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}
\nN\u00e3o sou n\u00e3o, Seu Consei\u00earo. Sou norte, sou viol\u00earo E vivo naquelas mata, Como vive um sanha\u00e7u! Vosmec\u00ea j\u00e1 me conhece: Eu sou o Jeca Tatu!
\nCom toda essa m\u00e1 pi\u00e1ge, Vosmec\u00ea, Seu Senad\u00f4, Nunca, um dia, se alembr\u00f4, Que, l\u00e1 naquelas parage, A gente morre de fome E de s\u00eade, sim sinh\u00f4!
\nVosmec\u00ea s\u00f3 abre o bico, Pra cant\u00e1, como um canc\u00e3o, Quando quer faz\u00ea seu ninho, Nos g\u00e1io duma inlei\u00e7\u00e3o!
\nVosmec\u00ea, que sabe tudo, \u00c9 capaz de arrespond\u00ea Quando \u00e9 que se ouve, Nos mato, O canto do zabel\u00ea? Em que hora \u00e9 que o macuco Se p\u00f5e-se mais a pi\u00e1?
\nE quando \u00e9 que a jacutinga T\u00e1 mi\u00f3 de se ca\u00e7\u00e1?
\nQuando o uru, entre as foiage, Sabe mais assubi\u00e1?
\nQual\u00e9, de todas as arve, A mais direita, empinada?
\nA que tem o pau mais duro, E a casca mais incorada?
\nHein?
\nVosmec\u00ea n\u00e3o sabe qu\u00e1 \u00e9 A madeira que \u00e9 mais boa, Pra se faz\u00ea uma can\u00f4a!
\nMec\u00ea, no meio das tropa, Dos cavalo, Seu Dout\u00f4, Oiando pros anim\u00e1, Sem ver um s\u00f3 se mov\u00ea, N\u00e3o \u00e9 capaz de escoi\u00ea Um cavalo iquipad\u00f4!
\nEu queria ver mec\u00ea, No meio de uma burrada, Somente por um esturro, Diz\u00ea, em conta ajustada, Quantos ano, quantas manha, Quantos fio tem um burro! Mec\u00ea s\u00f3 sabe de leis, Que se faz com as duas m\u00e3o!
\nMas, por\u00e9m, n\u00e3o sabe as leis Da Natureza, e que Deus Fez pra n\u00f3s, com o cora\u00e7\u00e3o! Mec\u00ea n\u00e3o sabe cant\u00e1, Mais mi\u00f3 que um curi\u00f3, Gemendo \u00e0 beira da estrada!
\nMec\u00ea n\u00e3o sabe escrev\u00ea, Num pap\u00e9, feito de terra, Quando a tinta \u00e9 a do su\u00f3, E quando a pena \u00e9 uma enxada! Se mec\u00ea n\u00e3o sabe disso, N\u00e3o pode me arrespond\u00ea:
\n\u00d3ia aqui, Seu Consei\u00earo: Deus n\u00e3o fez as m\u00e3o do home, Somente pra ele escrev\u00ea
\nVosmec\u00ea \u00e9 um Senad\u00f4, \u00c9 um Consei\u00earo, \u00e9 um Dout\u00f4, \u00c9 mais do que um Imperad\u00f4, \u00c9 o mais grande cidad\u00e3o, Mas, por\u00e9m, eu lhe garanto, Que nada disso seria, Naquelas mata bravia, Das terra do meu Sert\u00e3o. A mis\u00e9ria, Seu Dout\u00f4, Tamb\u00e9m a gente consola.
\nO org\u00faio \u00e9 que mata a gente!
\nMec\u00ea quer ser presidente?
\nEu s\u00f3 quero ser… Roc\u00earo e tocad\u00f4 de viola!
\nMec\u00ea tem todo direito De ganh\u00e1 cem mil por dia!
\nPra mi\u00f3 pod\u00ea fal\u00e1.
\nMas, por\u00e9m, o que n\u00e3o pode \u00c9 a ignor\u00e2n\u00e7a insult\u00e1, A gente, Seu Consei\u00earo, T\u00e1 cansado de esper\u00e1!
\nMec\u00ea diz que a gente Vive com a m\u00e3o no queixo, Assentado, sem faz\u00ea caso das coisa Que mec\u00ea diz no Senado. E vosmec\u00ea tem raz\u00e3o!
\nSe n\u00f3s tudo \u00e9 analfabeto, Como \u00e9 que a gente vai l\u00ea Toda aquela fala\u00e7\u00e3o? Pregui\u00e7oso? Marac\u00earo?
\nN\u00e3o sinh\u00f4, Seu Consei\u00earo!
\n\u00c9 pruqu\u00ea mec\u00ea n\u00e3o sabe O que seja um boiad\u00earo Cri\u00e1 com tanto cuidado, Com amor e alegria, Umas cabe\u00e7a de gado… E, dispois, a epidemia Carreg\u00e1 tudo, co\u2019s diabo, Em menos de quatro dia!…
\n\u00c9 pruqu\u00ea mec\u00ea n\u00e3o sabe O trab\u00e1io desgra\u00e7ado Que um home tem, Seu Dout\u00f4, Pra encoivar\u00e1 um ro\u00e7ado…
\nE quando o ouro do milho Vai ficando embunecado, Pra gente, entonce, colh\u00ea, O milho morre de s\u00eade, Pelo sol esturricado, Sequinho, como mec\u00ea!
\n\u00c9 pruqu\u00ea mec\u00ea n\u00e3o sabe O quanto \u00e9 duro, um pai sofr\u00ea, Vendo seu filho crescendo, Dizendo sempre: Papai, vem me ensin\u00e1 o ABC!
\nSe eu soubesse, meu sinh\u00f4, Escrev\u00ea, ler e cont\u00e1, Entonce, sim, eu houvera De sab\u00ea como assunt\u00e1! Talvez mec\u00ea n\u00e3o deixasse O sertanejo morrendo, Mais pior que um anim\u00e1! Pru mode a politicaia, Mec\u00ea quer que um home saia Do Sert\u00e3o, pra vim… vot\u00e1?… Em Joaquim, Pedro, ou Francisco, Quando vem a ser tudo igu\u00e1?… Pregui\u00e7oso? Madrac\u00earo?
\nN\u00e3o!.. N\u00e3o sinh\u00f4, Seu Consei\u00earo!
\nMec\u00ea n\u00e3o sabe de nada!
\nMec\u00ea n\u00e3o sabe a corage Que \u00e9 preciso um home ter, Pra corr\u00ea nas vaquejada! Vossa Incel\u00ean\u00e7a n\u00e3o sabe O val\u00f4 de um sertanejo, Acerando uma queimada! Vosmec\u00ea tem um casar\u00e3o!
\nTem um jardim, tem uma ch\u00e1cara.
\nTem um criado de casaca E ganha, todos os dia, Quer chova, quer fa\u00e7a sol, S\u00f3 pra fal\u00e1… cem mil r\u00e9is! Eu trab\u00e1io o ano inteiro, Somente quando Deus quer!
\nEu vivo, no meu ro\u00e7ado, Me esfarfando, como um burro, Pra sustent\u00e1 oito filho, Minha m\u00e3e, minha mui\u00e9! Eu durmo em riba de um couro, Numa casa de sap\u00e9!
\nMec\u00ea tem seu… autom\u00f3ve!
\nEu, pra vir no povoado, Ando dez l\u00e9gua, de p\u00e9!
\nO sol, teve t\u00e3o ardente, L\u00e1 pras banda do sert\u00e3o, Que, em menos de quinze dia, Perdi toda a cria\u00e7\u00e3o!
\nNa semana retrasada, O vento tanto ventou, Que a paia, que cobre a cho\u00e7a, Foi pro\u2019s mato… avu\u00f4! Minha mui\u00e9 t\u00e1 morrendo, S\u00f3 por falta de mezinha!
\nE por falta de um dout\u00f4!
\nMinha filha, que \u00e9 bonita, Bonita, como uma flor, Seu Dout\u00f4, n\u00e3o sabe ler! E o Juquinha, que inda t\u00e1 Cherando mesmo a cu\u00earo, E j\u00e1 pont\u00eaia uma viola… Se entrasse l\u00e1, pra uma escola, Sabia mais que mec\u00ea!
\nPregui\u00e7oso? He… Madrac\u00earo?
\nN\u00e3o… N\u00e3o sinh\u00f4, Seu Consei\u00earo!…
\nMec\u00ea diga aos companh\u00earo, Que um cabra, o Z\u00e9 das Cab\u00f4ca, Anda cantando esses verso, Que hoje, l\u00e1 no sert\u00e3o, Av\u00f4a, de boca em boca: (cantado)
\nEu plantei a minha ro\u00e7a, O tatu tudo comeu!
\nPlante ro\u00e7a, quem quiser, Que o tatu, hoje, sou eu!
\nVosmec\u00ea sabe onde t\u00e1 o buraco Adonde v\u00e9ve o tatu esfomeado?
\nHein?… T\u00e1 nos pal\u00e1cio da C\u00f4rte, Dessa por\u00e7\u00e3o de rica\u00e7o, Que fez aquele pal\u00e1cio, Com o sangue do desgra\u00e7ado! Mec\u00eas tem rio de a\u00e7ude, Tem os dout\u00f4 da higiene, Que \u00e9 pra cuidar da sa\u00fade… E n\u00f3s?… O que tem? Arresponda!
\nNo tempo das inlei\u00e7\u00e3o, Que \u00e9 o tempo da bandai\u00eara, N\u00f3s s\u00f3 tem uma cangaia, Que \u00e9 pra levar todas porqu\u00eara, Dos Dout\u00f4 Politicaia!… Sinh\u00f4 Dout\u00f4 Consei\u00earo, De leis, eu n\u00e3o sei de nada!
\nMeu direito \u00e9 minha enxada, Meu pal\u00e1cio \u00e9 de sap\u00e9!
\nQuem d\u00e1 leis para a fam\u00edlia \u00c9 a minha boa mui\u00e9!
\nMec\u00ea quer ser presidente?
\nApois, seja!
\nApois seja, meu Patr\u00e3o!
\nA nossa terra, o Bras\u00ed, J\u00e1 tem muita intelig\u00eancia, Muito home de saben\u00e7a, Que s\u00f3 d\u00e1 pra… \u00f3, espertai\u00e3o! Leva o Diabo, a fala\u00e7\u00e3o!
\nPra salvar o mundo inteiro, Abasta ter… cora\u00e7\u00e3o!
\nPro\u2019s home de intelig\u00eancia, Trago comigo essa figa: Esses home tem cabe\u00e7a. Mas, por\u00e9m, o que \u00e9 mais grande Do que a cabe\u00e7a… \u00e9 a barriga! Seu Consei\u00earo… um cons\u00eaio: Deixe toda a birbioteca dos livro!
\nE, se um dia, mec\u00ea quiser Passar uns dia de fome, De fome e, talvez de s\u00eade, E dormir l\u00e1, numa rede, Numa casa de sap\u00ea, V\u00e1 passar comigo uns tempo, Nos mato do meu sert\u00e3o, Que eu hei de lhe abrir a porta Da cho\u00e7a… e do cora\u00e7\u00e3o!
\nEu volto pros matag\u00e1… Mas, por\u00e9m, ou\u00e7a primeiro: Mec\u00ea pode nos xingar, Chamar n\u00f3s de madra\u00e7\u00earo. Pruqu\u00ea n\u00f3s, Seu Consei\u00earo, N\u00e3o quer ser mais bestai\u00e3o!
\nN\u00e3o!.. Enquanto os home de riba Deixar n\u00f3s tudo mazombo, E s\u00f3 cuidar dos istambo, E s\u00f3 tratar de inlei\u00e7\u00e3o…
\nSeu Consei\u00earo h\u00e1 de ver, Pitando seu cachimb\u00e3o, O Jeca-Tatu se rindo, Se rindo… cuspindo Sempre cuspindo, C\u2019o queixo em riba da m\u00e3o! Eu sei que sou um anim\u00e1, Eu nem sei mesmo o que eu sou.
\nMas, por\u00e9m, eu lhe garanto Que o que mec\u00ea j\u00e1 falou, E o que ainda tem de falar, O que ainda tem de escrev\u00ea, Todo, todo o seu saber, E toda a sua saranha…
\nN\u00e3o vale uma palavrinha, Daquelas coisa bonita, Que Jesus, numa tardinha, Disse, em riba da montanha!… https:\/\/youtu.be\/Bz7kLpMUm9o<\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"