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Ser\u00e1 imposs\u00edvel no espa\u00e7o deste texto escrutinar o subproduto do Plano Nacional de Educa\u00e7\u00e3o que atende pelo nome de Base Nacional Comum Curricular (BNCC). \u00c9 o que poder\u00edamos chamar de veneno dilu\u00eddo em abundantes doses curriculares. Ningu\u00e9m morre intelectualmente com uma pitada, mas depois de uma d\u00fazia de anos n\u00e3o sobra neur\u00f4nio com autonomia. O objetivo final do petismo na Educa\u00e7\u00e3o e na Cultura \u00e9 tornar-se hegem\u00f4nico. No meio, fica tudo: da m\u00fasica ao teatro, da internet \u00e0 sala de reda\u00e7\u00e3o, do semin\u00e1rio religioso \u00e0 reserva ind\u00edgena, do sistema banc\u00e1rio \u00e0 barraquinha da praia, dos cora\u00e7\u00f5es \u00e0s mentes. Para conquistar mentes e cora\u00e7\u00f5es, os companheiros burocratas do MEC trataram, primeiro, de unificar tudo, inclusive os exames vestibulares atrav\u00e9s do ENEM (com o qual a BNCC tem que “dialogar”). A esquerda adora os sistemas \u00fanicos, os coletivos, totalmente control\u00e1veis. Depois, criaram um Plano Nacional de Educa\u00e7\u00e3o que o Congresso parcialmente comprou pelo valor de face. Agora, pretendem impor um curr\u00edculo \u00fanico que, uma vez definido, far\u00e1 com que todos entendam e interpretem as coisas como o PT quer. Ao menos em 60% dos conte\u00fados. Os outros 40% n\u00e3o o interessam.
\nPara afastar o Brasil dos padr\u00f5es ocidentais, nada melhor do que romper com o relato euroc\u00eantrico da hist\u00f3ria. Ent\u00e3o, nos del\u00edrios da BNCC, vamos acabar com a cronologia, enfatizar a hist\u00f3ria africana, amer\u00edndia e, definitivamente, jogar no ostracismo os mestres da nossa cultura. Ensinar segundo a vers\u00e3o proposta pela BNCC \u00e9 servir burrice em linguagem de redes sociais, com vocabul\u00e1rio de creche. Se lhe parece dif\u00edcil crer no que estou dizendo, informe-se aqui: basenacionalcomum.mec.gov.br..
\nTodo leitor atento e todo estudante que entrou em contato com a linguagem esquerdista j\u00e1 com plena vig\u00eancia docente nas salas de aula do pa\u00eds, sabe que existe um vocabul\u00e1rio padr\u00e3o. H\u00e1 palavras que mesmo avulsas no espa\u00e7o valem por uma frase inteira e servem como prova de identidade ideol\u00f3gica. Uma delas \u00e9 \u201cproblematizar\u201d. Quando um professor diz que vai problematizar algo, ele est\u00e1, na verdade, afirmando que vai usar sua autoridade (mais do que seu estreito conhecimento) para destruir alguma cren\u00e7a ou valor que suspeita estar presente nas mentes dos alunos. E a BNCC \u00e9 pr\u00f3diga em “problematiza\u00e7\u00f5es”. Ela problematiza o papel e a fun\u00e7\u00e3o de institui\u00e7\u00f5es sociais, culturais, pol\u00edticas, econ\u00f4micas e religiosas. Problematiza os processos de mudan\u00e7as de institui\u00e7\u00f5es como fam\u00edlia, igrejas e escola. Problematiza as rela\u00e7\u00f5es \u00e9tnicas e raciais e seus desdobramentos na estrutura desigual da sociedade brasileira. Problematiza, para “desnaturalizar”, modos de vida, valores e condutas sociais. Quem disse que existem valores, modos de vida e condutas que s\u00e3o naturais?
\nN\u00e3o era dif\u00edcil imaginar a dedica\u00e7\u00e3o com que os companheiros do MEC se atirariam \u00e0 tarefa de preparar uma base comum a todos os estabelecimentos de ensino do pa\u00eds. Melhor que isso s\u00f3 iniciar cada aula bradando \u2013 \u201cSeremos como el Che!\u201d. Agora, o MEC vai ouvir a sociedade, mas todos sabem que, para esse governo, ouvir a sociedade e com ela debater \u00e9 reunir-se com os seus e decidir por todos. Ent\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 ao governo que a sociedade deve protestar. Est\u00e1 tudo pronto para que as coisas aconte\u00e7am como conv\u00e9m a ele e a seu partido. Aten\u00e7\u00e3o, Brasil! Aten\u00e7\u00e3o, meios de comunica\u00e7\u00e3o, intelectuais, educadores, lideran\u00e7as empresariais e sindicais, pais e m\u00e3es! Aten\u00e7\u00e3o todos os cidad\u00e3os comprometidos com o bem dos nossos jovens e do Brasil! \u00c9 preciso impedir que se cometa mais esse crime contra a na\u00e7\u00e3o e que o governo imponha sua ideologia a todos atrav\u00e9s das salas de aula.
\n(Artigo publicado em 29.11.2015) * Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, \u00e9 arquiteto, empres\u00e1rio e escritor e titular do site www.puggina.org<\/a>, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no pa\u00eds, autor de Cr\u00f4nicas contra o totalitarismo; Cuba, a trag\u00e9dia da utopia; Pombas e Gavi\u00f5es; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+. puggina.org\/artigo\/puggina\/mec—o-assalto-final-as-mentes\/5576<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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